Geralmente começa-se pelo princípio e talvez com uma das tragédias mais arrepiantes do passado recente do nosso Vitória: a perca da nossa sede histórica ainda hoje consagrada nos estatutos do clube como sendo a sede social do clube!
Tragédia essa com o aval e total benevolência(para não chamar outro nome) do Presidente da altura Dr. Jorge Goês
Pois bem, decidiu-se começar por aí, pela outrora nossa casa.
Não foi à muito tempo que um nosso concidadão, estimado setubalense e indefectível Vitoriano escreveu umas linhas que abaixo transcrevo.
Essas linhas que são da autoria do Sr. João Francisco Envia e publicadas em artigo de opinião no jornal “O Setubalense”.
“... Segundo soube há pouco, uma das anteriores direcções, não se esforçou grandemente, para a compra da sua histórica sede. Podiam ter apelado à população setubalense, podiam ter trazido para a rua os potes de antigamente, quando da construção do Estádio do Bonfim, agitando assim Setúbal. Este imóvel estava repleto das histórias desportivas deste nosso clube, como um ex líbris desta Princesa do Sado. Podiam ter apelado à imprensa local, para uma campanha de recolha de donativos, ou uma negociação com as entidades respectivas, a fim de se poder cobrar uma pequena percentagem na venda do pescado na respectiva lota. Podiam ter sido bons vitorianos, mas não o foram. Era mais positiva essa angariação do que a compra de um jogador.
Parece-me que, no lugar de se fazer uma grande campanha de recolha de donativos, que tenho a certeza seria aceite pela população, não se comprou este imóvel e ainda, tiveram que abandonar este, por falta segundo se diz, do pagamento das rendas. Também chegou ao meu conhecimento, não sei se com verdade, que o abandono foi total, pois no seu sótão ficaram completamente esquecidos os documentos históricos do passado deste grande clube. Se assim foi, uma machadada enorme se deu na memória do Vitória, que era bem recheada de acontecimentos. Para a minha pessoa, foi como uma punhalada que me tivessem dado no meu coração. Ali, juntamente com outros vitorianos formamos uma secção de pesca desportiva com uma sala digna, sem custos para o clube, montamos nela 7 aquários de peixes tropicais, representando quadros vivos, que muito visitado foi, até por equipas estrangeiras, segundo provas em meu poder.
Ali trabalhamos na organização de concursos a nível nacional, com enormíssima representação de pescadores (várias centenas). Era com enorme orgulho e satisfação que mostrávamos aos visitantes a nossa obra
Lembro-me bem desta antiga sede, onde se davam aulas escolares, onde se fizeram campeonatos de xadrez e pingue – pongue, dos bailes familiares, do seu orfeão dirigido pelo saudoso Dr. Rocha Pinto, do Grupo dramático dirigido por Carlos Teixeira, da cedência feita pelo Vitória, ao União de Futebol dos Empregados do Comércio e Indústria, de uma sala, em 30-6-1918; do grande movimento do seu bar, da antiga sala dos Troféus, paralela ao gabinete da direcção, onde trabalhei durante alguns anos, com saudosos vitorianos, que na maior parte já faleceram. Paredes cheias de imagens do passado, onde víamos grandes vitorianos que lutaram para manter este grande clube e esta histórica sede.
Tudo isto foi desprezado sem amor, sem bairrismo, sem respeito pelo passado, sem precaver o futuro. Um andar que foi abandonado, que podia ser recuperado, onde seria fácil ir buscar dinheiro, com a aquisição do mesmo. Bastava prepará-lo para tal. Tudo isto foi revoltante e deixou cheios de mágoas os vitorianos do coração...”
Quando se sabe que à data da assinatura do presente contrato, o Vitória vivia desafogadamente financeiramente por via de uma escritura que viria a ser celebrada com a Pluripar em 20.05.04 envolvendo a cedência dos direitos de superfície do Bonfim, em que é mencionado um financiamento de € 997.595,79 na época de 2002/2003 tendo auferido igual financiamento na época 2001/2002 ficam no ar perguntas sem resposta
Julguem por vós:
Verifiquemos mais em pormenor as imagens/clausulas seguintes.
Devemos pois todos nós agradecer tanto Vitorianismo!!!
Reparem, passamos de uma renda de € 26 para uma renda de € 1.995,19 a começar no mês subsequente ao inicio das obras, não no mês subsequente à entrega do imóvel pronto a utilizar como é comum … da última cláusula ficamos a saber que a D. Emília Correia não era à data sequer proprietária do Palácio Salema, pois é antecipadamente feito à condição de o mesmo vir a ser por esta adquirido. Se ainda não era proprietária e as obras não estavam feitas... qual foi a pressa?
Antes ainda das obras feitas e de o clube desistir do encargo de manter a sua nobre sede, o Palácio Salema tinha pretenções de se transformar numa instalação hoteleira de charme. A bem do bom nome de Jorge Goes não queremos acreditar que a permanência do VFC na sala de visitas da cidade (Pc. Du Bocage) fosse uma pedra no sapato de alguém!
O que é certo é que a perca de influência do Dr. Goes junto da autarquia, faz cair estas ideias e o Palácio lá está: triste e abandonado, longe da vida que podia conhecer.
Falta acrescentar que além de Presidente do VFC, Jorge Goes acumulava na época de assinatura do contrato, as funções de representante legal da D. Emília Correia, e que as duas famílias possuiam desde há muito tempo, laços de amizade bastante significativos.
Manuel Jorge Pedrosa Forte de Goes foi oficial e oficiosamente presidente do VFC entre 22 de Dezembro de 1999 e 11 de Junho de 2003 (um dos dias mais vergonhosos da história do Vitória, com uma Assembleia Geral eleitoral marcada por gravíssimos confrontos físicos) , secundado por nomes como Bernardino Primo, Mariano Gonçalves, Fernando Belo, Paula Costa e Manuel da Mata de Cáceres. Além deste episódio lamentável protagonizou outros tantos que quase deixaram o clube à beira do colapso. Filho de Constantino de Goes, um distinto vitoriano e setubalense, foi deputado da nação na III e VII legislaturas (1983/85 e 1995/99). Entre uma e outra trocou o CDS pelo PS onde descobre o filão do urbanismo, o que já de si revela muito da personagem.
Chega a jurista da C.M. de Setúbal no último mandato de Manuel da Mata de Cáceres, sendo afastado em 2003, pelo então Vereador do Urbanismo A.Figueiredo (CDU). É actualmente representante legal de alguns dos maiores construtores da cidade (aqueles que durante os mandatos do PS fizeram do concelho a sua coutada privada e que de alguma maneira, apesar da crise e da cor do actual executivo municipal, ainda vão levando “a água ao seu moinho”) e advogado da Associação de Empresários da Construção e Obras Públicas de Setúbal (Presidida por C.Costa, verdadeiro sindicato de indivíduos bem intencionados e interessados na prosperidade da nossa região...). Está, desde 2005, casado com a Directora do Departamento de Urbanismo da C.M. de Setúbal... acreditamos que lá em casa não falem de trabalho!
Foi na última semana nomeado “Provedor do cliente” da Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra. O “tacho” premeia a capacidade de drible deste polivalente e tem a duração de três anos.
Como co-autor do projecto “Vitória Sec. XXI”, que na aurora deste novo século deixou o clube num estado agonizante e condenado, terá brevemente honras de, voltar a ser mencionado neste nosso/vosso blog.
Esta é a Verdade da Mentira do Palácio Salema.
Até lá, os meus cumprimentos de sempre,
O Presidente